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Dona da startup DuBem Sustentável, com produtos e serviços que tratam do reaproveitamento, descarte e preservação da água, Ana Cristina Franzoloso viu seu projeto “Drive-Thru da Reciclagem” virar lei e entrar para o calendário municipal, porém comenta que o trato com resíduos está longe do ideal, a começar pelo indivíduo.
Gestora ambiental, ela comenta que consegue quantificar o descarte do Drive-Thru da Reciclagem e aponta uma tendência crescente, que mostra que um comportamento está sendo criado entre os campo-grandenses, porém, com uma notícia triste.
“Meu drive a gente foca muito o descarte correto; a logística reversa e economia circular funcionando. Faço mensuração de tudo isso, nunca diminuiu o meu descarte, sempre pessoas indo e descartando mais, significa que o munícipe está começando a se voltar para isso. A notícia triste é que é um número pequeno, precisamos mostrar e informar”, afirma.
Ainda em novembro de 2023, Ana viu o “Drive-Thru” entrar para o calendário oficial dos eventos de Campo Grande, com edições anuais marcadas para os meses de março; junho e outubro, através do Projeto de Lei 11.117/23 do vereador Ronilço Guerreiro.
Mesmo diante disso, ainda que seja um objetivo, ela diz que o cenário ideal é utopia. Ana descreve que o saneamento, que passa pela água; drenagem; esgoto e resíduos sólidos, encontra sua barreira nesse último ponto.
“Quando a gente fala de resíduos sólidos, o ciclo, a logística reversa, ela tem que funcionar no seu todo”, diz ela, afirmando que não é a realidade atual.
Quanto à “logística reversa”, Ana frisa que, é necessário um descarte correto para que, a partir disso, haja a destinação certa desse material, para chegar a um processo de produção que reinsira esse item no mercado, como um novo produto.
Com coleta seletiva ineficaz, lei multa em mais de R$ 5 mil quem não separa lixo plástico
“O Brasil está mais ou menos na faixa de 70% do que pode ser processado novamente, entre resíduo orgânico e reciclável… então é muito. Só que nós temos aí problemáticas muito grandes que inicia com o indivíduo”, pontua.
Coleta seletiva
Cabe lembrar que, assim como o Drive-Thru, por lei o campo-grandense que não separar a porção de plástico reciclável – “mesmo não havendo coleta seletiva regular” – pode ser multado em mais de cinco mil reais.
Diante desse descarte inadequado, a lei estabelece que essa porção reciclável pode ser passível de multa que varia entre R$ 1.201,01 e 5.033,07.
Ações individuais
Ana não descarta os impactos do consumo acelerado, já que diante das produções em grande escala o equilíbrio no processo torna-se quase que inalcançável, porém, contrapõe dizendo que [individualmente] o problema perpassa mais pelo trato no pós-consumo do que na quantidade que cada um ingere.
“Você entender que pode consumir de uma forma natural, não precisa ser nem mais, nem menos esse consumo seu, desde que você descarte corretamente: que é seco, o que é molhado? Você saber o que é reciclado… começa dentro da sua casa, para ir para as grandes empresas”, complementa ela.
A gestora destaca que o grande problema nesse ponto é justamente a “higienização”, já que as pessoas possuem o costume de descartarem os recicláveis ainda sujos.
“Sujos com resto de leite; de comida, isso contamina. Quando chega lá para o processo não funciona, não passa no teste e volta de novo para o lixão”.
Ela frisa ainda um grande furo de mercado, já que ainda existem determinadas embalagens de plástico que não possuem processo de reciclagem, o que Ana estima acontecer com mais da metade (entre 50% e 60%) dos materiais que chegam às centrais de triagem e acabam voltando para os lixões por esse motivo.
“Falar de gestão pública, de plano de gestão integrada de resíduo, é muito importante… mas para uma cidade ser sustentável precisa todos os eixos estarem juntos, iniciativa privada; terceiro setor; sociedade; indivíduo e gestão pública. A educação é o primeiro item, tem que estar nas escolas, mas tudo começa com uma logística reversa”, destaca.
Por fim, ela detalha que o País possui uma reciclagem prática que gira entre quatro e cinco porcento, sendo necessário, sim, um consumo mais direcionado e equilibrado, assim como uma cadeia produtiva funcionando para processos de reciclagem
“Lixão e aterro já não funcionam mais, então tem que ter tecnologias para isso aí. É uma série de quesitos que tem que acontecer. Os resultados só acontecem quando todos os eixos funcionam, tem um consumo equilibrado e processo de produção para tudo isso”, conclui.
Fonte: Correio do Estado