O descarte de lixo comum é um assunto recorrente no cotidiano. Com muitos influencers digitais no ramo da maquiagem, skin care e cuidados com a aparência, o descarte de cosméticos também precisa ser abordado. “Caso esses produtos entrem em contato com o meio ambiente, obviamente, eles vão contaminar a água de rios, os solos”, analisa Michelli Dario, doutora em Ciências pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Assim, o descarte de cosméticos deve ser feito da maneira correta, aquela que tem o menor impacto no meio ambiente.
Descarte
“O resíduo doméstico vai tratar, principalmente, de cosméticos vencidos. A maneira de descarte vai depender da composição dessa formulação e também da forma cosmética, ou seja, da consistência dela”, explica Michelli.
Ela pontua que, para as formulações líquidas, como shampoos, deve-se descartá-las na pia ou no vaso sanitário para que atinjam a rede de esgoto. Esmaltes e removedores devem ser levados a postos de coleta por serem agressivos demais para o meio ambiente. As oleosas também precisam ser descartadas em lugares específicos. Os produtos semi-sólidos, como condicionadores, cremes e pastas, podem ser colocados no lixo comum para irem aos aterros sanitários.
É importante estar atento à forma de descarte específico de cada cosmético, pois escolher a errada pode causar grandes danos ao meio ambiente: “Muitos cosméticos têm como conservantes os parabenos, que são conjuntos de moléculas muito eficientes na ação conservante. Quando essas moléculas entram em contato, principalmente, com a água, os animais acabam absorvendo essas moléculas e elas acabam entrando na cadeia alimentar. Na verdade, é uma cascata, a gente interfere no ambiente e elas, de alguma maneira, entram em contato de novo com o nosso organismo”, comenta Michelli.
Produtos
Grande parte dos cosméticos descartados está vencida. Para atribuir uma validade ao produto, ele passa por diversas etapas, dentre elas o teste de estabilidade e o de prateleira. Michelli explica como funcionam esses testes: “No teste de estabilidade a gente expõe aquele produto-teste a condições extremas de temperatura, de umidade. Por meio de cálculos estatísticos, a gente consegue prever o prazo de validade. Para confirmar a validade, a gente faz o teste de prateleira, que é quando se expõe o produto, já dentro da embalagem à venda, a condições reais de temperatura e de umidade”. Dessa forma, os desenvolvedores buscam observar se, nesse tempo, o produto mantém cor, odor e características específicas da formulação.
Brasil
A conscientização a respeito do descarte de cosméticos é necessária, tanto no âmbito consumista quanto no de sustentabilidade. Para Michelli, ainda há um longo caminho a ser percorrido pelas empresas e pela população brasileira nesse âmbito: “Eu acho que falta desde uma conscientização da população da importância do descarte correto, acesso a esse conhecimento e também faltam postos de coleta. Então, acho que falta dos dois lados: falta um pouco de uma certa inserção das empresas e também um conhecimento da população da importância disso”.
Fonte: Jornal da usp